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Cap. 74

Ilustração com um fundo vermelho ao centro, mesclando-se até ficar preto nas bordas. Na parte inferior, está a silhueta, com contorno em vermelho, de metade do corpo de um homem segurando um rifle e escoltando um mulher, cuja silhueta do corpo todo aparece um pouco mais à fente dele.

Momentos antes, enquanto Kael saia para buscar o padre, Seth e Garth acabavam de rir do grito de Westwood vindo do chiqueiro e Lucretia parecia ter compreendido a situação antropofágica em que estava metida.

Seth a encara e explica com toda a honestidade: — Nóis não vai fazê isso por maldade. È que um hôme tem necessidades.

— Querido, - responde ela - você não imagina quantos encontros meus terminaram mal por essa mesma desculpa.

— Pelo menos, - continua Seth – ocê num terá de cozinhá nem limpá tudo depois.

Lucretia, com a voz mais baixa e fina do que o normal: — Realmente! É o sonho de toda mulher.

Seth, se virando para Garth: — Falando em limpá, vai lavá ela pra começa os preparo antes que o Kael traga o outro.

O homem continua, agora virado para Lucretia: — Ocê descurpa a sinceridade, mas cê tá cheirando a mijo e isso atrapaia o apetite.

Lucretia: — Culpa deles que não me deixaram fazer direito quando eu pedi.

Garth, se defendendo: — Nóis deixô ela mijá. Só num deixamô ela pará pra isso.

Lucretia: — Tive de fazer enquanto arrastava o Westwood.

Seth: — Tudo bem! Ocê tá descurpada.

— Desculpada!? – deixa escapar uma incrédula e indignada Lucretia.

Seth: — É. Saí tudo no banho. Leva ela logo, Garth, antes que o mano chegue com o outro. Num cabe dois no barril pra lavá.

Garth, rindo: — Pelo menos não intêro.

Ele ainda ri quando empurra Lucretia com o cabo do rifle em direção à porta.

— Vamo lá pra trais. – indica o caminho com o queixo, espichando o pescoço.

“Preciso dar um jeito nesse idiota”, vai pensando Lucretia enquanto caminha. “Nem deve ser tão difícil”. Ela caminha mais um pouco e pondera: “mas acho que dá para tomar um banho antes. Esse cheiro está realmente insuportável.”

Eles chegam em um casebre sem janelas. Garth, convidativo, orienta:

— Abre a porta toda, bem devagar e vai entrando, sem oiá pra trais, até chegar no barril que tem lá dentro. Coloca as mão dentro do barril e espera. Num sei se ocê vai cabe nele.

Lucretia vai seguindo as instruções e considerando: “Chega! Abusou! Se entro nesse maldito espartilho, passo até pelo buraco de uma agulha. Vou me livrar dele antes do banho”.
 

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